O dia 13 de abril marca o aniversário da primeira apresentação do oratório de George Frideric Handel, o Messias, que estreou em Dublin em 1742. Handel nasceu em Halle, na Alemanha, mas passou parte de sua carreira em Londres onde ele era considerado uma celebridade. Em 1741 seu sucesso como compositor de óperas estava diminuindo sob pressão política e também religiosa. As óperas eram estritamente proibidas durante a quaresma e já estavam saindo de moda. Mas os oratórios, no entanto, eram permitidos e cada vez mais tinham os textos escritos na língua inglesa.
O que seriam os oratórios?
O oratório é uma apresentação musical completamente baseada em um texto sagrado onde se usa a música para contar histórias da Bíblia de forma dramática. E Handel sabia como criá-los perfeitamente. Se inspirava em baladas e ritmos musicais ingleses para atrair mais público. Os clérigos anglicanos estavam na vanguarda daqueles que incentivavam a composição de música que pudesse elevar o indivíduo espiritualmente e emocionalmente.
Acreditava-se amplamente no início do século XVIII que a música possuía um poder enorme, quase irresistível. A música - tanto leiga quanto litúrgica - se lindamente trabalhada poderia se tornar sublime, salvar almas e oferecer aos pecadores arrependidos uma evidência do paraíso.
As credenciais de Handel como defensor valente da fé também eram reforçadas por sua fama como organista virtuoso. Naquela época, o órgão era considerado o instrumento especial da adoração divina.
O texto tinha sido preparado em julho pelo proeminente libretista Charles Jennes que tinha como objetivo principal uma apresentação anterior à Páscoa do ano seguinte. Jennes esperava que Handel pudesse expor todo o seu talento e habilidade, para que a composição superasse todos os seus trabalhos anteriores.
Handel escreveu a música para o Messias durante um período frenético de inspiração, em um intervalo impressionante, durante três a quatro semanas entre agosto e setembro de 1741. Ele literalmente escrevia de manhã à noite. Dizem que chegou a um estágio de êxtase compondo Aleluia.
A escolha de Dublin para a estréia da peça
Dublin era uma das cidades mais prósperas e de crescimento mais rápido da Europa. Além disso possuia uma elite rica e ansiosa que queria mostrar sua sofisticação e a sua influência econômica. Era uma grande oportunidade para Handel experimentar seu novo oratório e para recuperar-se da recepção apática que o público de Londres havia dado a seus últimos trabalhos. Ele não poderia arriscar outro fracasso crítico, especialmente com uma peça tão heterodoxa.
Outros oratórios de Handel tinham tramas fortes apoiadas por confrontos dramáticos entre os personagens principais. Mas o libreto para o Messias, como uma ópera, era dividido em três atos e oferecia uma narrativa vaga. A primeira parte profetizava o nascimento de Jesus Cristo; o segundo ato exaltava seu sacrifício pela humanidade; e a terceira parte anunciava sua ressureição.
Uma característica marcante da cena musical em Dublin na época, era a alta proporção de apresentações que ocorriam para arrecadar fundos para projetos humanitários. Neste contexto que Handel foi convidado para apresentar-se em Dublin onde poderia escolher seu repertório para o evento.
No início do ano então, foram feitos contatos com as catedrais mais importantes de Dublin: Catedral de St Patrick e Christ Church para utilizar os seus grupos de coro no concerto. Apesar da grande reputação que Handel tinha em toda a Europa naquele momento, havia uma forte reticência por parte das autoridades da Catedral de St Patrick, diz-se Jonathan Swift, em ter seus membros associados a uma apresentação em um local profano. Para Swift, as peças religiosas deveriam ser apresentadas em igrejas. O Musik Hall na Fishamble Street havia acabado de abrir e era uma das primeiras salas de concertos criadas na Europa na época.
O sucesso da estréia
Na primeira noite de apresentação de Messias, foi arrecadada uma soma substancial, muito maior do que o esperado para ser dividida entre as três instituicões beneficiadas.
A ação contava com o empenho da sociedade local e como era esperado um grande público ao evento, foram introduzidas medidas de economia de espaço: e incluiam pedir às mulheres que não usassem os arcos sob as saias e pedir aos cavalheiros que deixassem suas espadas em casa. Para uma subsequente performance, os vidros das janelas foram removidos para manter o local fresco. Atualmente resta muito pouco do teatro que existia na Rua Fishamble street para lembrar esta parte da história de Dublin.
Mas o sucesso do Messias em Dublin foi de fato rapidamente repetido em Londres. Handel foi considerado o maior músico já produzido em qualquer época e cujas composições apresentavam uma linguagem sentimental e não meros sons. Mesmo quando o assunto de seu trabalho era religioso, ele escrevia sobre a resposta humana ao divino. Em nenhuma outra obra isto é tão aparente como no Messias. Sua música superava o poder das palavras ao expressar as várias paixões do coração humano.
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